Quem exerce maior influência: a moda sobre o cinema ou o cinema sobre a moda? Pergunta difícil de ser respondida, a verdade é que a moda é uma grande referência para o cinema, assim como o caminho inverso, visto que eles possuem um elo em comum: ambos são grandes vendedores de sonhos.
Com isso, os dois segmentos acabaram por estabelecer uma relação importante, pois, sem a moda, o cinema não seria capaz de construir e desenvolver narrativas tão ricas e cheias de detalhes tendo como viés os figurinos. E a moda não teria como aliado um grande propagador de suas criações, lançando tendências também nas passarelas e nas ruas.
Assim, com o passar do tempo, com as mudanças comportamentais e sociais, o cinema deixou de ser apenas uma referência fashion para se tornar uma grande indústria vendedora de moda em todo o mundo, se colocando na posição de vitrine para as grandes marcas, em que figurinos dos mais variados personagens se tornaram itens de desejo e até sonho de consumo em termos de estilo de vida.
Entre um dos mais famosos exemplos desse trabalho construído em total sinergia do cinema com os grandes designers e casas de moda pode ser visto no clássico “Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany’s), em que a personagem interpretada por Audrey Hepburn está usando um vestido Givenchy – dando notoriedade ao modelo “pretinho básico” – , olhando a vitrine da Tiffany´s & CO. enquanto toma seu café da manhã. Ou seja, com a moda aliada ao cinema é possível criar a identidade de um personagem, pontuar a data de um acontecimento e, até mesmo, ressaltar o humor – ou a falta dele – retratado em cena: tudo isso por meio da indumentária certa.
Dentre as peças desenvolvidas para o filme, as que mais chamaram a atenção foram os roupões que, até então, eram tidos como roupas de ficar em casa – simples e sem muito acabamento. Pelos olhos do estilista, o item foi transformado em objetivo de desejo para manter a elegância e a sofisticação mesmo dentro de casa.
Símbolo feminista e da libertação da mulher, a responsabilidade de empoderar a personagem de Jane Fonda ficou por conta do designer de moda Paco Rabanne, referência da moda futurista de 1960, com a criação de bodies transparentes, conjuntinhos de tops e shorts de cintura alta.
Na época em que o filme foi gravado, Giorgio Armani ainda não era uma marca global como hoje, no entanto, o figurino teve bastante influência no sucesso do estilo proposto pelo estilista fora da Itália, mostrando o poder por de trás da composição de um look masculino.
Depois de ter produzido para os filmes Esta Noite ou Nunca e O Homem de Outro Mundo, Coco Chanel voltou às telonas no clássico preto e branco de Alain Resnais, em que criou vestidos texturizados, apostando também nas camadas de tecidos para ressaltar as peças frente às cenas gravadas sem cor.
Depois de polemizar criações usadas pela cantora Madonna e de trabalhar no filme O Quinto Elemento, Jean Paul Gaultier foi convidado por Pedro Almodóvar para dar vida e desenvolver os bodies usados pela personagem de Elena Anaya e as vestimentas de Marisa Paredes no drama psicológico, brincando sabiamente com criações entre o feminino e o masculino.
Queridinho da moda, Yves Saint Laurent teve como desafio criar um figurino que pudesse retratar a vida de uma dona de casa insatisfeita com a vida e em busca de dar vazão aos seus desejos. Para isso, o estilista criou toda uma atmosfera em volta de vestidos curtos, shapes amplos, casacos e acessórios elegantes que contrapõem às lingeries de renda usadas pela personagem de Catherine Deneuve.
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Bisous,
Andrea Furco